sábado, 23 de agosto de 2008


Rui Bento:

"Sempre tive esperança de voltar"

Rui Bento defende que a confiança que tem em Álvaro Braga Júnior foi suficiente para não recear aceitara proposta para treinar o Boavista. E acredita que o tempo trará melhores dias para o emblema do Bessa


JOANA CARVALHO

Deixou o Boavista no ano em que se sagrou campeão nacional (época 2000/01) para rumar ao Sporting e regressa agora, com uma realidade completamente diferente, como treinador.

Rui Bento. Nas nove épocas que vestiu a camisola axadrezada, ganhou quase tudo o que havia para ganhar a nível nacional e fez um excelente percurso nas competições europeias. Foram esses anos que marcaram o nome do Boavista na memória do agora treinador e foi nisso que pensou no momento de responder à proposta de Álvaro Braga Júnior para dirigir o clube. Sucede a Jaime Pacheco a apenas quatro dias de iniciar o campeonato, mas com uma grande dose de empenho e de esperança para alcançar melhores dias no Boavista.

Este era o regresso ao Boavista que ambicionava?

Sempre tive a esperança de um dia voltar. Este é o clube no qual passei grande parte da minha carreira de jogador e onde ganhei tudo o que havia para ganhar. Assisti ao crescimento do Boavista e contribuí para isso. Por isso, não podia recusar este convite. Mesmo sabendo de antemão todas as dificuldades que o clube atravessa era impossível dizer que não a este apelo. É uma forma de demonstrar gratidão por tudo o que o clube fez por mim.

As tais dificuldades de que falou não o fizeram recear no momento de dar a resposta ao convite para treinar o Boavista?

Senti uma grande apreensão quando fui convidado. Mas se estou aqui hoje deve-se também, em grande parte, a uma relação de amizade e confiança com o actual presidente. Por isso estava tranquilo quando aceitei.

Teve muito tempo para pensar?

Pouco. Esta não foi a melhor altura para entrar na equipa, uma vez que o campeonato começa já este fim-de-semana e terei apenas três ou quatro treinos com a equipa. Mas com o tempo acredito que as coisas se resolvem.

Considera este projecto aliciante?

Para além de esta ser uma casa onde sempre gostei de trabalhar, o Boavista é um clube que tem grande visibilidade, é um clube com história... A nossa função agora é reinventar essa história. Acho que isso, por si só, torna este desafio bastante aliciante.

Ao segundo dia de trabalho, que análise já pode fazer do plantel?

Neste momento, estou numa fase de tirar toda a informação sobre os jogadores. Estou numa fase que passa mais pela observação do que pela intervenção. São apenas meia dúzia de treinos antes do primeiro jogo e não tive tempo de fazer as minhas escolhas. O tempo é precioso nestas situações. De qualquer forma, já falei com o Jaime Pacheco para que me desse mais algumas indicações. Este é um plantel jovem, mas com uma grande disponibilidade para aprender. E isso já é meio caminho para conseguir fazer algo de bom.

Aceitou a proposta feita por Álvaro Braga Júnior sem fazer qualquer exigência relativamente ao plantel?

Conheço muito bem o presidente e, apesar de não ter vivido directamente o que se passou com o Boavista, sei que ele tudo vai fazer para ajudar a recuperar. A partir daí, e tendo sempre em mente as dificuldades, vamos fazer também tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar. Mas não podemos entrar em grandes euforias.

O que lhe foi pedido pelo presidente?

Primeiro, perguntou-me se tinha disponibilidade para treinar o Boavista. Disse-me que tinha um plantel jovem e alertou-me para uma ou outra insuficiência. Não falamos em objectivos. A grande preocupação é fazer bons jogos, sempre atento ao processo de evolução dos jogadores.

Vai ser possível fazer o Boavista regressar às vitórias e à estabilidade que o clube tinha quando saiu, ainda como jogador?

Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para o conseguir. Será um trajecto difícil e demorado, mas vamos fazer tudo para que aconteça.

Chegou ao Bessa preparado para tudo?

Na vida e no futebol. Mas vim sobretudo preparado para desenvolver um bom trabalho e sei que dedicação e disponibilidade não vão faltar. Não posso, para já, alimentar grandes sonhos e esperanças, mas acredito que com o tempo tudo vai ficar mais claro.

Quais são as suas ambições em termos pessoais?

Essa é uma das mensagens que quero transmitir aos meus jogadores. Vivo o dia-a-dia, não quero fazer futurologias. Pegando no exemplo dos jogadores, se estiverem a olhar para o que querem ser no futuro vão com certeza desviar-se do processo evolutivo. Gosto bastante do que faço, aprendo todos os dias e vivo um dia de cada vez.

Como define a actual situação do Boavista?

Prefiro pedir apenas união para a ultrapassar.


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